Os resíduos expelidos por todos os órgãos do corpo humano caem diretamente no sistema linfático. Esse é um processo importante para mantê-los saudáveis e limpos. Mas no cérebro este sistema parecia incompleto, pois não havia sido encontrado nenhum vestígio de vasos linfáticos envolvidos com o órgão chefe do sistema nervoso. Mas isso só até agora.
Uma grande pesquisa recém-publicada que integrou o Instituto Nacional de Neurologia e o Instituto Nacional do Câncer, ambos dos Estados Unidos, finalmente conseguiu identificar os vasos linfáticos e o fluxo deles dentro do cérebro humano. O resultado deste trabalho foi publicado no jornal científico e-Life.
Como o sistema linfático cerebral foi encontrado?
O cérebro é um órgão com características bastante singulares em relação aos demais tecidos do organismo. Durante muito tempo pensou-se, inclusive, que ele não fizesse parte do sistema linfático. Há dois anos, contudo, uma pesquisa conseguiu identificar os vasos (que são muito pequenos) em cérebros de ratos e a hipótese de sua existência em humanos voltou a ser investigada.
Neste recente trabalho, os pesquisadores aplicaram em cinco voluntários saudáveis um agente contrastante chamado gadobutrol e depois escanearam seus cérebros usando a tecnologia de ressonância magnética. O primeiro resultado foi nulo.
Na sequência, a equipe testou outros ajustes de pulsos magnéticos para a ressonância até que, em dado momento, o contraste dos vasos sanguíneos desapareceram e surgiram sinais de outro arranjo de canais - supostamente os vasos linfáticos.
O resultado de todos os testes confirmou a presença da rede de canais linfáticos e que eles se posicionam na dura-máter cerebral, ou seja, na membrana que cobre todo o órgão.
Primeiro sinal surgiu há 200 anos
A primeira vez que algum sinal da presença de vasos linfáticos no cérebro foi registrado ocorreu há dois séculos. Em 1816, o médico italiano Paolo Mascagni descreveu os canais como se atravessassem o cérebro humano, a partir dos órgãos que ele dissecou. Ele estava errado, mas abriu a possibilidade de encontrá-los.
O que muda no entendimento sobre o cérebro?
O sistema linfático é composto de vasos ramificados que transportam glóbulos brancos pelo corpo todo em um fluido chamado linfa - a rede de canais é similar a do sistema sanguíneo. Mantendo tal fluido entre os tecidos, ele permite o acesso das células imunológicas para proteger todos os órgãos do corpo.
Seu objetivo é, em primeiro lugar, defender o organismo de bactérias, vírus ou qualquer tipo de invasões. Em segundo lugar, drena o excesso de fluidos nos tecidos, tornando-os equilibrados. Leva-os até a corrente sanguínea que, por sua vez, os transferem para os rins. Lá são filtrados e direcionados para a excreção.
Ainda não se sabe exatamente como a descoberta do sistema linfático no cérebro muda o entendimento do órgão, mas, segundo os cientistas, há muito a descobrir sobre a drenagem linfática do sistema nervoso central e possíveis alterações nesses vasos presentes em doenças neurológicas”, anuncia o artigo científico.
Cérebro e sistema linfático
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