Imagine só que maravilha seria se houvesse disponível nas prateleiras de supermercados e lojas por aí produtos totalmente impermeáveis: roupas sujariam menos, seu sofá nunca mais teria manchas e até as paredes estariam a prova de qualquer sujeira.
Pois uma substância capaz de impedir a penetração de qualquer tipo de líquido já existe: a “substância hidrofóbica”. Produzida pela empresa americana UltraTech, a tal substância consiste em duas camadas: uma que adere à superfície e outra feita a partir de nanopartículas, com bilhões de moléculas intercaladas por espaços vazios. Dessa maneira, “o ar fica aprisionado e cria uma barreira que impede a umidade”, como disse o co-presidente da empresa, Mark Shaw.
Com o acelerado avanço da tecnologia, logo logo produtos que contenham essa substância estarão mais acessíveis.
Materiais super hidrofóbicos
A esse conceito, a empresa deu o nome de ‘ultra-ever-dry’, material que nunca seca, em português. “Quando ele é aplicado sobre qualquer objeto, se transforma em um escudo super hidrofóbico, que é quando medimos uma gota de água sobre a superfície”, explicou Shaw em palestra do TED Talks.
Numa amostra, ele fez um teste jogando líquido verde em um concreto. Naturalmente, ele absorveria o líquido, por ser poroso – mas o que acontece é justamente o contrário. O líquido respinga sobre o concreto, como se ele fosse repelente à água.
Outros materiais, como luvas e até mesmo a mostarda no pão podem ter componentes super hidrofóbicos. Veja no vídeo a seguir:
Problema com produtos eletrônicos
A tecnologia ultra-ever-dry protege os produtos da corrosão e pode ter até uma função antibactericida – afinal, sem umidade, nenhum micro-organismo sobrevive.
Em tecidos, concreto e até no pão, essa substância tem um efeito incrível. Mas, quando se trata de produtos eletrônicos, há dificuldades para a ação dos super hidrofóbicos.
O smartphone, por exemplo: com a tendência de ficar cada vez mais fino, esses aparelhos têm menos espaço para os circuitos eletrônicos e, portanto, ficam mais frágeis a um fenômeno conhecido como migração eletroquímica.
O processo de migração eletroquímica ocorre quando temos metal, isolante e metal (nessa ordem) em ambiente de alta umidade. Com menos espaço, a eletricidade ‘flutua’ de forma desordenada, fazendo com que os celulares tenham um curto-circuito danoso quando alguém derruba água, ou qualquer outro tipo de líquido, por exemplo.
Por isso as fabricantes têm investido mais em revestimentos com nanotecnologia, para que os celulares tenham mais proteção sem comprometer o design.
Mas, pelo fato de também gerar energia, esses aparelhos – assim como carregadores e fones de ouvido – ainda não podem ser totalmente revestidos de substâncias super hidrofóbicas porque também precisam transmitir eletricidade.
Entretanto, smartphones mais modernos, como iPhone 7 e Sony XPeria Z5, por exemplo, já funcionam embaixo d’água. Isso só mostra que é questão de tempo até que um novo celular super hidrofóbico chegue ao mercado.