Faz algum tempo que cortar alimentos com glúten do cardápio, como pães e massas, virou moda para enxugar alguns quilinhos. E isso perpetuou durante algum tempo, mas agora comunidades científicas e importantes associações do mundo estão se posicionando contra a restrição do glúten sem a necessidade médica.
A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) foi a mais recente a se posicionar contra dietas glúten free. Confira, a seguir, o parecer desta importante entidade.
Dieta sem glúten para emagrecer: o que diz ABRAN
A instituição pontua que os cereais são essenciais para a alimentação dos humanos. Além de fornecerem a energia do carboidrato, também têm boas doses de proteína, vitaminas, minerais, fibras e lipídeos, que são componentes fundamentais para uma alimentação saudável e equilibrada.
"A Associação Brasileira de Nutrologia posiciona-se contráriaà utilização de dietas isentas de glúten para fins de emagrecimento e orienta que a exclusão do glúten da alimentação seja realizada somente para os pacientes com enfermidades que justifiquem essa prática como forma de tratamento", diz o comunicado da entidade, divulgado recentemente.
A eliminação do glúten, sem condição médica para isso, pode levar a prejuízo à saúde. A ABRAN pontua, também, a ausência de estudos que comprovem a eficácia das dietas livres de glúten para a perda de peso e, por isso, contraindica seu uso.
Dietas glúten free são saudáveis?
Alguns estudos recentes também reforçam o mesmo caminho tomado pela ABRAN.
É o caso de um estudo, feito ao longo de 24 anos pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que apontou que retirar alimentos com glúten do menu pode fazer mal à saúde.
Quem come menos glúten, consequentemente, consome menos fibras e outros micronutrientes importantes, o que torna a alimentação menos nutritiva, mais cara e potencialmente perigosa ao coração.
O que é o glúten?
Dentre os cereais, há três que podem ser destacados por ter glúten: o trigo, o centeio e a cevada.
O glúten é um complexo proteico insolúvel, formado especialmente na fase de hidratação das proteínas do cereal, que acontece na hora de preparar massas e pães, por exemplo. É ele que dá a textura 'fofinha' aos alimentos com essa condição.
Doença celíaca
A ABRAN pontua, no entanto, que o glúten deve estar fora do cardápio de pessoas que realmente não podem digerir essa proteína.
É o caso de situações já bastante estudadas na medicina, como a doença celíaca, em que a mucosa intestinal sofre um processo inflamatório quando recebe essa proteína.
Há outros processos de sensibilidade ao glúten não celíaca e alergia ao trigo - em ambos os casos, as pessoas portadoras podem se beneficiar da exclusão de alimentos com glúten.