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Como foi tirar minha primeira CNH

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Foto exclusiva Bolsa de Mulher

Foto: Ana Flora Toledo/Bolsa de Mulher

Sou Ana Flora Toledo, jornalista. Há duas semanas, também sou uma nova motorista.

Quando entrei no desafio e me inscrevi no Detran para iniciar o processo para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), tinha em mente o fato de que nenhuma mulher da minha família dirige. Há até quem seja habilitada, mas morra de medo de guiar já tenha perdido toda a prática que aprendeu nas aulas. E, apesar de as mulheres conquistarem cada vez mais espaço nas ruas, já tinha percebido que essa insegurança é bem comum e afasta muitas delas da direção.

Comecei querendo fazer diferente. Frequentei as aulas teóricas, passei pelo teste e não via a hora de pegar no volante. Quando, finalmente, chegou a vez das aulas práticas, o instrutor me ajudou a desvendar todo aquele universo que sempre pertenceu à parte masculina da família. “Passar a segunda”, “pisar na embreagem” e “olhar a luz no painel”, que sempre ouvia nas conversas entre meu pai e irmão, já não eram frases completamente incompreendidas.

Ganhei confiança e, embora parecesse muito mais difícil para a filha tirar a carta de motorista, meu pai também não deixou de apoiar. Um dia antes da prova final de direção, viajou até a cidade onde moro para que eu treinasse no carro do meu avô, que veio junto acompanhar o treino. Aquele nervosismo tradicional e os gritos para não deixar o carro morrer terminaram com planos para o próximo treino, caso não conseguisse passar de primeira.

Foto exclusiva Bolsa de Mulher

Foto: Ana Flora Toledo/Bolsa de Mulher

Chegou o dia e fui até o local da prova. Uma fila imensa, muitas mulheres. Me aproximei de uma que, insegura, perguntava ao instrutor da autoescola: “quem dirige melhor: homem ou mulher?”. Ouvi o debate e segui na espera até chegar minha vez. Foi quando escutei meu nome sendo chamado. Entrei no carro. O avaliador ao lado, fazendo anotações. Lembrei do que aprendi nas aulas e no treino do dia anterior e fiz o percurso. A baliza, que eu tanto temia, saiu certinha. Depois de terminar e estacionar, recebi o papel das mãos do fiscal, que assinalou em vermelho: aprovada no teste de direção!

A felicidade foi tanta que a primeira coisa que fiz foi ligar para o meu pai para contar que, sim, eu havia conseguido e concluído o processo com sucesso. Ele comemorou, mas logo ficou sério e lembrou que o desafio não acabou. “Agora é preciso praticar”. Ele sabia que não basta ter a CNH em mãos, a liberdade feminina só é conquistada, de fato, ao dirigir. Para isso, é preciso equilibrar confiança e cautela e também se empenhar para, quem sabe, mudar aquela velha convenção que nos ensina desde pequenos que meninas brincam de boneca, e meninos de carrinho.

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