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Por que o Dia da Mulher é em 8 de março? Data é mais revelante do que parece; veja

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Por que o Dia Internacional da Mulher é comemorado em 8 de março? Segundo a socióloga e professora Eva Alterman Blay, e fundadora do Centro de Estudos de Gênero e dos Direitos da Mulher da Universidade de São Paulo (USP), “no dia 8 de março pelo calendário gregoriano um fato marcou o mundo: trabalhadoras russas do setor de tecelagem entraram em greve.”

“Esta teria sido uma greve espontânea, não organizada, e representou o primeiro momento da Revolução de Outubro”, diz Eva, em seu artigo científico sobre o Dia da Mulher. Essa foi a famosa Revolução Russa, Bolchevique ou Vermelha de 1917, que fez o país sair da Primeira Guerra Mundial e adotar o regime comunista, que mais tarde originou a criação da União Soviética (URSS).

Adotado oficialmente em 1975, pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia da Mulher “simboliza a busca da igualdade social entre homens e mulheres, em que as diferenças biológicas sejam respeitadas, mas não sirvam de pretexto para subordinar e inferiorizar a mulher”, explica a socióloga.

Dia internacional da mulher: origem e história

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A origem da data foi marcada por fortes movimentos de reivindicação política, trabalhista, greves, passeatas e perseguição policial, em que mulheres lutavam pelo mesmo salário para homens e mulheres, por melhores condições de trabalho e por direitos iguais no início do século 20.

No último domingo de fevereiro de 1908, nos Estados Unidos, aconteceu uma manifestação que foi chamada de Dia da Mulher. Aconteceu de novo no ano seguinte, e reuniu cerca de 2 mil mulheres. Em 22 de novembro de 1909, começou uma greve geral. Cerca de 15 mil aderiram, mais de 500 fábricas fecharam, durando 13 semanas, até fevereiro de 1910.

No ano seguinte, outro acontecimento viria chamar a atenção do mundo de novo para as condições da vida das mulheres. Em 25 de março de 1911, 125 mulheres e 21 homens, na maioria judeus, perderam suas vidas no incêndio da companhia Triangle Shirtwaist Company, grande atuante nas reivindicações e greves. A fábrica empregava 600 trabalhadores, maioria mulher imigrante, judia e italiana, de 13 a 23 anos.

Movimentos construtores de uma nova consciência do papel da mulher como trabalhadora e como cidadã e grandes nomes da luta feminista no mundo, como Alexandra Kollontai, Clara Lemlich, Emma Goldman, Simone Weil e outros, evidenciavam cada vez mais os direitos femininos e a necessidade da mulher modificar a sua própria consciência.

Todos esses fatos se incorporaram ao “imaginário coletivo da luta das mulheres”, e integraram um processo que já estava em elaboração pela luta das mulheres, com iniciativa de Clara Zetkin (foto abaixo), membro do Partido Comunista Alemão, que também teve aderência e expressão do Brasil.

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Participação do Brasil

De acordo com Eva, o Brasil começou a luta em busca do direito de voto feminino, que só foi concedido nos anos 30. Mas as condições de trabalho aqui eram tão ruins quanto em outros países. Mais de 12 horas de trabalho, salários menores que os dos homens, assédio sexual, más condições das fábricas, dentre outros abusos.

E foi só nos anos 60 e 70 que as reivindicações tomaram grandes proporções a ponto de afetar o governo: em 8 de março, mulheres se reuniram contra a ditadura militar, em favor da democracia, e pelo fortalecimento do gênero feminino na sociedade. E foi só em 1975 que as manifestações públicas foram reconhecidas internacionalmente, quando a ONU consagrou o Dia Internacional da Mulher.

Direitos das mulheres


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