O Google tornou-se a primeira empresa de internet não estatal a chegar a Cuba. As operações começaram em 26 de abril.
Até então, os apenas 2% de cubanos que acessam a rede, segundo relatório da empresa de tecnologia da informação Open Net, faziam isso a partir da empresa estatal Etecsa, e tinham uma conexão bastante lenta.
É que em Cuba as pessoas dependem do acesso pelo satélite - diferente de cabos subterrâneos, por exemplo, como acontece na maioria dos países, inclusive o Brasil.
Com os servidores da gigante da tecnologia, eles terão mais provedores de acesso e a velocidade de conexão deve aumentar.
A chegada do Google mostra que a abertura econômica de Cuba pode, finalmente, fazer com que empresas estrangeiras operem dentro da ilha da América Central.
O Google fez um acordo diretamente com a Etecsa, com o objetivo de colocar à disposição conteúdo online para melhorar o acesso dos cubanos a sites como Gmail, YouTube, entre outros serviços de sua propriedade.
Como funciona a internet em Cuba
Desde a época em que Fidel Castro esteve no poder, o argumento do governo cubano para as restrições na internet era o mesmo: culpa do embargo econômico dos Estados Unidos, que perdurou desde a queda do ditador Fulgencio Baptista, em 1959, com a “Revolução Cubana”.
Mesmo com a aproximação dos líderes Barack Obama e Raúl Castro, em 2016, o governo cubano ainda diz que as empresas de tecnologia de informação ao redor do mundo temem entrar em conflito com as regras norte-americanas para fazer qualquer tipo de comércio na ilha.
Após um encontro com Raúl Castro no ano passado, o então ministro britânico das Relações Exteriores, Phillip Hammond, disse à BBC que o governo cubano sabe da importância do acesso à internet para promover o crescimento do país, mas está receoso com os aspectos negativos da internet, com o radicalismo online e com a exploração sexual de crianças.
Internet é cara em Cuba
Cuba possui uma das internets mais lentas de todo o mundo. Como o acesso é feito somente via satélite, a velocidade de conexão fica bastante limitada. Por lá, a velocidade média de conexão é de 124 Kbps – enquanto, no Brasil, é de 3 Mbps (1 Mbps representa 1.000 Kbps). É praticamente um padrão de internet discada.
Apesar de lenta, houve uma evolução nos últimos anos: Cuba ampliou para 240 o número de pontos públicos de wi-fi no país, cortando pela metade o preço médio de acesso por morador.
Ainda assim, é bem caro acessar a internet em Cuba: custa cerca de R$ 4,70 por hora, e apenas para ver sites mais básicos. Assistir a vídeos ou entrar em sites mais pesados, nem pensar – além de muitos deles serem banidos, o usuário perde um tempão para conseguir ver um site.
Ao longo de 2017, a Etecsa planeja expandir a internet para 2.000 casas no antigo bairro colonial Havana Velha. Por dois meses, o acesso será gratuito, mas espera-se que o governo cobre um valor aproximado de R$ 46 para dar acesso a 30 horas da conexão mais baixa (e até R$ 344 para a velocidade mais rápida, de 2 MB por segundo, velocidade considerada a mais básica por um serviço de telefonia em São Paulo, por exemplo).
Se o valor realmente for esse, muitos cubanos não terão condições de pagar, já que o salário médio da população equivale a R$ 78 por mês.
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